A professora Mitieli Seixas da Silva, do Departamento de Filosofia do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), recebeu um reconhecimento internacional, no último domingo (18), devido ao trabalho que realiza na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na coordenação do Grupo de Pesquisa e Tradução Émilie du Châtelet. O grupo busca consolidar pesquisas sobre a história das mulheres filósofas. Ela ganhou o Elisabeth of Bohemia Prize, concedido pelo Center for the History of Women Philosophers and Scientists, sediado na Universidade de Paderborn, Alemanha.
Na cerimônia de premiação, durante o 18º Simpósio da International Association of Women Philosophers (IAPh), a diretora Ruth Hagengruber, uma das coordenadoras do evento, laureou Mitieli, e destacou o alcance intelectual, a trajetória acadêmica e os trabalhos da professora. Ela foi condecorada por ser uma "pesquisadora promissora" e por sua "experiência marcante". O comitê do prêmio deste ano foi composto por representantes da Alemanha, da Itália e dos Estados Unidos. Na cerimônia, também houve reconhecimento às pioneiras que fundaram a IAPh.
De acordo com a pesquisadora, a premiação simboliza a alegria e o sucesso do trabalho coletivo. Com a projeção que o prêmio pode dar ao grupo, ela espera que recursos sejam disponibilizados para a realização do trabalho.
- Esperamos oportunidades e financiamento para continuarmos a traduzir novas publicações. Temos pesquisadores em início de carreira acadêmica como doutorandas e alunos de graduação que precisam desse incentivo - comenta Mitieli.
Desde março de 2021, o grupo de pesquisa e tradução se reúne quinzenalmente de forma online para traduzir as "Institutions de Physique", de Émilie Du Châtelet, uma obra de 1740 sem tradução para o português, com a participação de professores, pesquisadores e estudantes de diversas universidades.
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Mitieli conta que o grupo de pesquisa tem como objetivo inserir mulheres filósofas modernas no campo da pesquisa, a partir da tradução de obras que ainda não foram publicadas em português.
- São poucas as mulheres que recebem reconhecimento filosófico. Os homens são os que recebem destaque, desde Sócrates e Platão. Queremos, então, também ocupar este espaço que historicamente foi somente dos homens - destaca.
Fazem parte deste grupo premiado os professores Gisele Secco (UFSM), Abel Lassalle Casanave, Carlota Maria Ibertis de Lassalle Casanave e Marco Aurélio Oliveira da Silva (UFBA), Eduardo Ruttke von Saltiel (UFN), Edgar da Rocha Marques (UERJ), Priscilla T. Spinelli (UFRGS) e Rafael Bittencourt (IFSul), além de Katarina Peixoto e Pedro Pricladnitzky, das doutorandas Maria Helena Silva Soares (UERJ) e Cinthia Almeida Lima (UFBA), do graduado Luiz Humberto Castro de Freitas Filho (UFBA) e dos estudantes da UFSM Lucas Rodrigues de Oliveira, Anelise Marmett Pahim, Maria Eduarda Dalla Costa Kuntzler e Vitória Albert Sauzem.
ELIZABETH DA BOÊMIA
A filósofa que dá nome ao prêmio foi amiga próxima de Renê Descartes, o qual trocou várias cartas de teor filosófico. Contudo, apenas as cartas escritas por Descartes foram traduzidas.
- Foi dessa forma, ao provocar discussões com ele, que Elizabeth começou a fazer parte destes debates - explica Mitieli.